EUA podem aprovar operação em Rafah se não houver retaliação contra Irão

por Cristina Sambado - RTP
Bassam Masoud - Reuters

Israel terá obtido luz verde dos Estados Unidos para uma operação em Rafah, escreve esta quinta-feira a imprensa do Médio Oriente. No entanto, Washington adverte que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, terá de se abster de retaliar, parcial ou totalmente, após o ataque iraniano do passado sábado.

Segundo o jornal israelita Haaretz, que cita fonte egípcia que falou com o diário Al-Araby Al-Jadeed, do Catar, com sede em Londres, os EUA teriam concordado com o plano de Telavive para uma operação militar em Rafah, mas em troca de uma resposta limitada contra o Irão.

Já o Jerusalem Post, que faz uma referência ao mesmo jornal, avança que “o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu conseguiu obter a aprovação americana para uma operação militar em Rafah, em troca de se abster de levar a cabo uma ampla operação militar contra o Irão em resposta ao seu recente ataque".
Em declarações ao Al-Araby Al-Jadeed, fonte egípcia revelou que “a Administração americana aceitou o plano de ocupação relativamente à operação em Rafah”. Em troca, “Israel não pode efetuar um ataque em grande escala contra o Irão”.

Segundo o mesmo jornal, "o discurso de uma resposta israelita ao Irão contradiz os desejos da Administração americana e não é realista, tendo em conta as afirmações israelitas de que os Estados Unidos desempenharam o papel principal na repressão do ataque iraniano e na prevenção do seu sucesso".A notícia do jornal do Catar surge a par de declarações públicas, por parte de responsáveis israelitas, favoráveis a uma retaliação em larga escala contra o Irão.


De acordo com o canal de radiodifusão KAN, o embaixador de Israel nos EUA, Michael Herzog, declarou na quinta-feira que "Israel vai reagir ao Irão e não vai demorar anos - em breve os mísseis do Irão estarão equipados com ogivas nucleares".

Por outro lado, o Egito estará a demonstrar "total prontidão e preparação das [suas] forças estacionadas no norte do Sinai, ao longo da faixa de fronteira de 14 quilómetros com a Faixa de Gaza, como parte de um plano para lidar com o cenário de uma invasão terrestre em Rafah”.

O Egito ocupa uma posição crítica no contexto da guerra entre Israel e o Hamas, uma vez que partilha fronteiras com a cidade de Rafah, no sul de Gaza, bem como uma grande linha de fronteira com Israel.
Alguns órgãos de comunicação social israelita avançaram que na última noite, as Forças de Defesa de Israel (FDI) efetuaram vários na zona de Rafah, que Netanyahu descreve como o último refúgio do movimento palestiniano Hamas.
Os oficiais egípcios já tinham revelado que estão "preparados para todos os cenários" e que Israel precisa de retirar devidamente a população civil da cidade de Rafah antes do encerramento de quaisquer passagens fronteiriças.

O Al-Araby Al-Jadeed revela ainda que o plano israelita “vai dividir Rafah em quadrados numerados e serão alvo de ataques precisos. Obrigando a população que permanece em cada quadrado a afastar-se e a seguir rumo a Khan Younis”.

Nos campos de deslocados de guerra em Khan Younis, gerido pelo Crescente Vermelho egípcio, já se registam preparativos.
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